segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

As emoções e os sentimentos

Não sei se é importante saber diferenciar teoricamente as emoções dos sentimentos. Só sei que para desvencilhar mitos, tabus e preconceitos é muito importante saber o que é comum a todos nós, o que não é e acima de tudo, aceitá-los. Chamamos de INATO, o que é fisiológico, inerente ao nascimento e comum a todos os indivíduos de uma mesma espécie. Por exemplo, as emoções, em nós seres humanos. Somos equipados de 5 sentidos básicos, audição, visão, tato, olfato e paladar, comum a todos os mamíferos, diferenciando apenas pela forma que esses sentidos evoluíram e se adaptaram ao estilo de vida de cada animal. Porém, á nossa espécie, existe uma harmonia entre todos eles, e que quando captados pelo nosso aparato físico, ou seja, pele, boca, nariz, olho, ouvido, produzem sensações que consequentemente se transformam em percepções. E é justamente através desse recurso perceptivo que julgamos um fato ocorrido. Enquanto nossas necessidades básicas estão sendo supridas, como a fome, a sede, o frio, ou necessidades mais complexas como as de ordem emocional, de pertencimento, seja familiar ou social, e o mais a que isto se relaciona, nosso organismo permanece num equilíbrio fisiológico e emocional, ao qual chamamos de homeostase. Nesse momento, estamos confortáveis, satisfeitos, fazendo nossas atividades corriqueiras, de forma consciente ou inconsciente, onde todos os nossos órgãos vitais estão em plena harmonia funcional. Nosso cérebro se adapta a algumas percepções, enviando apenas os estímulos necessário as estruturas que produzem hormônios que ditam o funcionamento saudável do nosso metabolismo. Quando essas necessidades deixam de ser supridas, nossa percepção envia sinais de alerta, que nos causam desconforto e dependendo da situação e da interpretação do evento, nosso cérebro começa a estimular nosso aparato físico de forma a se defender do que está ocorrendo. É então que nosso sistema parassímpático entra em ação, jogando doses altas ou baixas de hormônios no sangue, elevando os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, a corrente sanguínea, causando grande desequilíbrio entre os funcionamentos de todos os órgãos e comprometendo nosso metabolismo. Passado o evento que nos causou esse desconforto, nosso sistema simpático, começa a agir, regulando novamente o funcionamento de todo nosso aparato fisiológico, retornando ao estado de homeostase. Isso tudo não se restringe a simplemente comer, beber água, ou nos aquecer. Vai muito além das nossas necessidades apenas físicas. Seja qual for a situação, este processo alcança uma amplitude de acordo com o valor que damos ao acontecimento. É então que podemos falar das emoções. A raiva, o medo, o amor, a alegria, a dor, a tristeza por exemplo, estão impressos em nosso DNA. Todos nós nascemos capazes de sentir e expressar de alguma forma nossas emoções e ainda temos pré- disposições genéticas que irão nos favorecer ou nos fragilizar. A partir daqui, delongar ou abreviar esse desequilíbrio, depende unicamente dos sentimentos. Ódio, vingança, violência, fobias, manias, plenitude, satisfação, angústias, frustrações, são comportamentos adquiridos pelas nossas experiências de vida. São resultados de fatores culturais e variam entre as sociedades e o período histórico. A forma como reagimos a um determinado evento, é única, particular e subjetiva. É o que nos tona tão iguais e tão diferentes uns dos outros. Somos feitos de carne, osso, sentimentos e de várias coisinhas a mais. Só precisamos entender que o homem é resultado de um conjunto de fatores, ontogênicos, filogênicos e sócio culturais, ou seja, somos seres determinados biologicamente, mas que sofremos muitas mudanças no processo evolutivo e que somos dotados de uma grande capacidade adaptativa de acordo com o momento sócio cultural, principalmente nos que diz as nossas necessidades, valore éticos e morais e preconceitos. A raiva por exemplo é universal. todos sentimos raiva de algumas coisa. Todavia, expressar essa raiva é extremante particular. Pode ser canalizada numa motivação negativa ou positiva, ser armazenada na memória ou simplesmente esquecida. De qualquer forma reprimir ou expressar sentimentos negativos causam prejuízos a nossa saúde. A ciência comprova que a longo prazo, esse desequilíbrio fisiológico e psicológico agregados a nossas fragilidades genéticas ou não, causam transtornos de ordem aguda ou crônica, como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral e etc. Emoções positivas como o amor e a alegria, também causam sentimentos e reações extremamente particulares. Todos temos capacidade para amar, e de encontrar a felicidade. Só que não nas mesmas coisas e muito menos na mesma intensidade. A psicologia veio para entender o homem em sua totalidade multifacetada. O certo, o errado, o mito, o tabu,o preconceito, são concebidos naquilo que desconhecemos. A partir do momento em que eu compreendo o homem em sua complexidade, começo a encontrar respostas não só no outro, mas também em mim mesma. Por isso acho tão importante o conhecimento a cerca das emoções e sentimentos, pela visão científica, e pela dinâmica cultural, porque é acima de qualquer conceito, puramente libertador. Somos o que somos e sentimos o que sentimos, e nada é ou foi acaso. A natureza tem uma história, a humanidade tem uma história, você tem uma história e eu também tenho a minha própria história. Esse é o primeiro passo em direção ao auto conhecimento e ao auto controle. Controlar as próprias emoções também é matemática. Sabendo suas origens, você pode calcular os resultados.

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